quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Violência infantil




Na minha prática como psicóloga infanto-juvenil, lido com os mais diversos tipos de sofrimento psíquico que afligem a vida de crianças e adolescentes.
Contudo, algo que não consigo sequer dimensionar é a dor psicológica provocada por um ato de violência sexual acometida na mais tenra idade.
Entendo que as marcas físicas um dia passam, mas as lembranças da humilhação e da impotência sentida perduram pela vida inteira e, na maioria das vezes, atos de brutalidade tendem a se repetir e se reproduzir com filhos, netos e amigos de quem um dia foi vítima.
É complicado tentar entender o que se passa na cabeça de um abusador. Assusta a idéia de que um ser humano sinta atração por um corpo infantil, que chegue a pensar que aquela criança sente os mesmos desejos de uma pessoa adulta.
De repente, fica a pergunta se um pedófilo pode ser chamado de insano ou de cruel.
Tenho lá as minhas dúvidas se um louco agiria assim. Loucos não têm consciência dos seus atos, não manipulam, não arquitetam planos, simplesmente agem de forma primitiva e não escolhem onde, com quem ou como agir. Ao contrário disso, o pedófilo escolhe suas vítimas, tem a sua predileção, armam estratégias de sedução e manejam situações que possa favorecer a sua fuga ou o seu disfarce.
Para a psicologia, a pedofilia está inserida na categoria de parafilias sexuais. E o que quer dizer isso? Seria um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra exatamente na cópula, mas em alguma outra atividade, ou seja, o indivíduo para sentir prazer ou se satisfazer de alguma forma não precisa, necessariamente, da penetração ou da realização do ato sexual em si, ele pode ficar satisfeito em ver (voyerismo), se exibir (exibicionismo), admirar partes do corpo humano, como pés por exemplo,(podolatria) entre outras práticas.
Necessariamente, as parafilias não são consideradas como transtorno mental e, muitas delas são inofensivas.
Porém, constituem-se numa prática grave e inaceitável aquelas que provocam dor e sofrimento a si e aos outros. A pedofilia torna-se um deles.
Entendo que uma das formas de protegermos nossas crianças desse ato de bestialidade seja sempre conversar abertamente com eles, ensinar que certas partes do corpo não podem ser tocadas por estranhos, que eles podem contar para nós algo que considerem estranho ou que os assustem. Fiscalizar conversinhas na internet e visitas a sites inadequados sempre é útil. Se formos contratar os serviços de alguém para acompanhar nossos filhos (babá, professor, etc), pegar as referências dessas pessoas e sempre questionar as crianças sobre o comportamento das mesmas e, da mesma forma, perguntar sobre os procedimentos nas atividades diárias.
Enfim, todo cuidado é pouco. Nunca pensem que denunciar não adianta porque adianta, sim!

Todos contra a pedofilia. Digam NÃO a violência infantil!

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